- Fiz uma escolha ruim.
- Era uma escolha que dependia só de você?
- Acho que sim... É estranho. Eu nunca deixei de ser minha, mas dei um pouco de mim pra alguém...
- Sim,
- Agora eu quero o que eu de volta, entende?
- Claro
- Era pouco, mas era meu.
- Você pode pedir de volta?
- Não... Isso nunca funcionaria.
- E se você pedir com educação?
- Sinto que é irreversível.
- Entendo... Mas você costuma se dá com facilidade?
- Pois é... Não. Dou apenas migalhas e quando dou uma fatia maior para alguém quase sempre me arrependo.
- Mas veja bem, se você der fatias fartas o que sobrará pra você?
- Já pensei nisso... Tenho medo das minhas fatias serem comidas de forma errada, entende?
- Claro.
- Por isso não sei se eu me dou.
- E se você se vender?
- Vender... Aí já não seria eu, eu não me venderia.
- Entendo...
- O que eu posso fazer por você?
- Se doar um pouco pra mim?
- Não, não posso.
- Mas..
- Nós mal nos conhecemos.
- Mas, mas... E se.. Sei lá... Tenho a sensação de que depois dessa conversa peguei um pouco de você pra mim.
- Mas eu não permito!
- É inevitável, desculpa.
- Não! Você vai sofrer um processo!
- Desculpa. Mas o que eu posso fazer?
- Estou ligando para o meu advogado vou exigir o que é meu por direito e que está agora em sua posse.
- Não quero ser presa! E... Além disso, também já me roubaram.
- Eu confiei em você.
- Eu também.
(...)