quinta-feira, 26 de junho de 2014

na estrada

para derreter
nas curvas de uma estrada
longínqua
perdida em sua visão
na qual os olhos
já não acompanham
os seguimentos
do pulso
em ritmo lento
correndo
para todo o longe
e deserto
de sua imensidão
que se abre
a cada caminho
de terra.
é o que mapa do destino
que se faz traçado
por sua longitudes
e não mais
pelos passos
todo o aqui e agora
de um voo
que acontece
somente
por sua presença
vibrando no espaço.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

polifonia noturna


linhas invisíveis
trazem todos
os meus instintos
longínquos
tecendo-os
perto

junto ao meu colo.
recolho-os
um a um
como sons perdidos
de outros cantos

costurando
em desejos
as tantas vozes de mim
posto que agora
sou coro

vagarosamente
suspiro
o silêncio deixado
pela passagem da lua
por minha face
por hora
rubra.

porque hoje sou
tantas
mulheres
criaturas
habitadas na pele
de uma.











domingo, 1 de junho de 2014

confidência

os versos
de pecados
cicatrizados pelo tempo
entregues
aos teus olhos
abertos
que como
bichos vivos
correm
sobre a
minha pele

leio para ti
em voz alta
engulo a saliva
respeito as pausas
e respiro
em alívio
de teu corpo
entregue
à escuta

como uma confissão
feita às claras
sinto a voz trêmula
junto ao eco de tua presença
ressoando no peito

teus ouvidos se tornam
agora
as páginas brancas
de minha poesia
herege.