quinta-feira, 26 de março de 2015



como domar tuas ondas
imensas
cabelos salgados de água
que em mim habita
deságua
em escrita de tua paisagem
sonora e azul
perco-me
em partículas de sal
desfaço-me
em espuma branca
escrevo
já esquecida do meu corpo
morada
posto que navego longe
num quadro sem moldura
da tua janela
desconhecida.

segunda-feira, 23 de março de 2015

em face ao espelho
sou outra
mas, também
a mesma
de outrora
reconhecida
numa imagem desfragmentada
de um reflexo
que só revela o fora.
tão pouco
quando se vive todo o dentro
como desvelar o mergulho ao avesso?
os poemas também são espécies de chapas radiográficas.

quarta-feira, 4 de março de 2015

silêncio
as palavras
encostam-se
quentes
em meu ouvidos
para cantar
a poesias secreta
e descabida
de formas
linhas
a poesia breve
desavisada
despercebida
sussurro
cresce e habita
no mais fundo
dos tímpanos
até a  pele,
que  por letras
tocada
arrepia.