sexta-feira, 26 de dezembro de 2014


pupilas abertas
portas e caminhos
há nesse castanho
estranha morada
que habito
sem pudor
sinto-me
em casa
íntima
te percorro
em segredo
enquanto recolho
os verbos
e desejos
por ti esquecidos 
para escrever 
o que só deve existir
em poesia. 

(...)



bloco de notas

você saiu da minha vida
e eu não escrevi um poema
se quer
que pena



...


agora do jogo
bem me quer
teu nome é apenas
uma palavra
cruzada.

domingo, 21 de dezembro de 2014

barco

ando mergulhada na escrita
palpitando
em palavras
como se pudesse medir
as profundezas da gente


(...)
mas não
nelas apenas
navego
nado.
tive alguns sonhos
que se confundiram
em lembranças
tornando-se memória
de algo que fui
outrora
perto do mar
estava
cheia de desejos
e espaços
entremeios
poderia ouvir as batidas
de um coração
que não meu
alheio
pulsando
incerto
batendo
para entrar
pelas portas de meu ouvido
num sussurro
assustei-me
mas era só o vento.






(...)


de repente
é apenas o silêncio
em minha companhia
rondando entre os meus pés
ranjo os dentes
penso em sua vinda
seria o tempo de um cigarro
ou de um café
um suspiro


mas já é tarde
e ando cansada de visitas.



https://www.youtube.com/watch?v=UReXSSe1abE





sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

onde termina
a linha
da minha pele
e começa a sua?
pelas costelas
pernas
cintura
há algo que parece
junto
enlaço
mistura

de minha garganta
e sua voz
o rosto
insinuoso
atroz
minhas mãos
ou suas?
meu corpo do seu
que ponto
ou vírgula
separa?
não são os olhos
é o resto
de você
que me invade
inteira
como um mar
turbulento
sou tragada
por suas ondas
oferenda
de sua boca salgada
e profana
suga-me até o sumo
até não deixar mais nada
apenas a saudade.


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

atônita
viajo em teu tempo
de espera
sob os meus olhos
que refletem os teus
boba
sinto como se perdesse
o fôlego
toda trêmula
enquanto
minhas têmporas
vermelhas
brilham
em fogo
por tua doçura insana
refletida em mim
como espelho
chamas
sou tua
imagem
mais pura
por tuas pupilas
vista somente a distância.

domingo, 14 de dezembro de 2014

segura-me
pelas mãos
deixa-me
ser guiada
em teus rodeios
vira-me
do teu jeito
assim
desvirada
para virar
o começo
de nossa caminhada.

https://www.youtube.com/watch?v=Wtwq7lVqCSIo

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

é sexta
embriago-me de poemas
por ora
o éter
é da palavra
passo os dedos sob as páginas
de ana cristina cesar
desfolho tua escrita
como se fosse íntima
de tua presença
que pela noite
faz-me companhia
em silêncio
mastigo
toda
sua
poesia.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

o desejo
não pede licença
ou desculpas
invade
ultrapassa
transborda
corpos
paisagens
o desejo
não mora:
se instaura
habita
e demora
em sem tempo
necessário de fome
desejo não fala:
grita
não tem cor
cheiro
ou nome
o desejo se espalha:
multiplica
contamina em sua doença
e não sacia
é feito sede
pulsa na garganta
e saliva
é o dono
e sua cria
é o instante
o nervo
a carne
a vida.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

escreverei
até quando secarem
as letras
ou a tinta da caneta
e todo o resto de mim
serei o torso
do papel em branco
aberto ao outro
que o lê
de forma mais límpida
e clara
a poesia de minha língua
ardente
em fogo
derramada
sem pudor
em teu corpo
também
em chamas
e deixar queimar
até voltar
as cinzas
soltas na terra
para então
florescer
em palavras.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

há os sonhos
em montanhas
de desejo
sob
meu corpo
ensejo
o ensaio
de palavras
cruas
entre as pernas
cruzadas
e por
instância
revelo os segredos
todos mofados
pelo tempo
enquanto escuto
a música de tua
boca
maldita
e tão necessária
como o seu todo.
às vezes é
preciso a urgência
do tempo
no encontro.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

querer estar
ir
e voltar
abrir-se em lados
dispersos
para os desejos
do universo
como um jogo
de dados
acaso
sou um
peão
girando
de tua mão
para o mundo
numa brincadeira
infinita.

em teu silêncio
noite
sou cheia
de presença
das mais
e tantas
estrelas
que coleciono
em meu quarto
vigiado
pela insônia
atenta
ao meu corpo
faz-me companhia
em segredo
confesso sonhos
que tenho
guardados junto
ao seio
como amigas
íntimas
que se encontram
embriagadas
de éter
prezo
por tua companhia
enquanto atravesso
devagar
em silêncio
as intimidades
da madrugada.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

meu corpo
também
performa
dis
forma
mente
ressoa
em tudo
sinto
os nervos
todos
à flor da pele
do osso
in
forma
de gosto
e tato
tudo vive
pulsa
dentro
e fora de mim.