segunda-feira, 26 de junho de 2017




eu faço poema
para fazer infernos
rasgar paraísos com os dedos de tinta
na folha,
em que caminho com as minhas asas
de anjo decadente
dançando com os outros
os anjos mais bonitos
e suas trombetas apocalípticas
tão desafinadas quanto o meus sonhos
por isso orquestro o teatro
com as mãos
com a boca
com esse corpo
profano
que dança fora da alma
quando ela está perdida
em qualquer canto
pedindo a escrita sem nome
de toda poesia
que tenho em mim
essa que convido
para dançar
no hoje,
de um tempo sem fim
que eternizo
no caos das letras
purgatórias
porque eu faço poemas
para fugir dos infernos
e zombar dos anjos,
que sempre são mais bonitos.