domingo, 21 de setembro de 2014

abrir as janelos do peito
e ventar
fora do corpo.

ponto
vírgulas
em meio
verso
da insônia
regresso
a companheira
das noites
espia
pensamentos
no fundo
do muito
que guardo
dentro
de gavetas
e botões
suspiros
em tua
presença
atônita
atenta
em tempo
de um poema
que escrevo
antes do retorno
à cama
e a cabeceira.

uma tarde setembro



a alma
veste-se de corpo
enquanto
toca o mais alto
do seu afeto
aberto em flor
de primavera
conto em silêncio
os pingos de orvalho
das árvores despindo-se
do inverno
puras
de minhas copas
agora
frondosas de frutos
escuto
todo som do mundo
em sua paisagem
de movimento.

sábado, 20 de setembro de 2014

aos estranhos da cidade

perdidos
para-choques
com frases de amor
enfeitam estradas
em quilômetros 
gastos 
de silêncio
e rastros
pelos outros
percorridos
postos de gasolina
moedas soltas
sorte encontrada
nas escuras ruas
de noites paradas
feitas para almas
nuas
solitárias
que no momento
de um acaso
fazem-se companhia

na cidade
inabitada.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

bruxa

destemperada
a garganta
aberta
canta
todo o sentimento
de um grito
solto ao vento
como pássaro selvagem
negro
eu,
a mulher sem destino
paradeiro
desato,
os meus cabelos
para para todo
o calor
envolto
tormento
com quem se prepara
para o salto
dado em fogo
ao léu
movimento-me
em frente ao tempo
torno-me
por ora
arrebatada em pranto
queimada em fogueiras
de segredos
ressurjo nova
pulsando
com a minha carne viva
quente
exposta
ardendo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

o meu tempo é outro
está aquém
acompanha o andar dos velhos
e se esconde na poesia dos cantos
quem me dera, por ora,
enxaguar as lentes
ou janelas
daqueles que não vivem
a beleza tornada na pedra
do chão
no pixo do muro
na vagareza do olhar
quando abraça o outro
em encontro
é preciso deflorar o mundo
por inteiro.
quando a noite é clara
e meu peito acorda
respiro toda canção
que levo dentro
para soprar fora
em outros tempos
na pausa
no sonho
pela chuva
contra
tempo
num sussurro
molhado
reverso
ofereço
no contra
fluxo
fora do tom
o inverso
a voz que por aqui
mora
em silêncio
mas, que no entanto,
se espalha
contra
vento
no além
de qualquer moldura.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Do cotidiano ao verso



entregue à distância
e a sua medida
demora a presença
o espaço longo
da memória
no papel escrita
os passos ausentes
ou no café
daquele que aguarda
e esfria
enquanto a tarde
paira azul
em seus cantos de silêncio:

...
o meu tempo
incerto e vago
por interferências
não lamenta mais os atrasos
momento que rasgo
no relógio
com paisagens rotineiras
reticências abertas
para qualquer epifania.