sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Estiagem

Era um mistério quando os olhos dela molhavam o ambiente, ele se perdia dentro da água morna da seriedade daquela moça. Ele fugia dessas pálpebras pesadas e limpas, se desconcertava, arrumava a gola da blusa para tirar a secura da garganta, porém o poder enigmático que brilhava naquelas duas bolas feitas de verdade era demais para sua vida medíocre.
A moça não era simples e chegar perto dela era como se aproximar de sua própria sombra. As pupilas molhadas encharcavam todo o seu interior, era a presença fálica de mulher que não sabia verdadeiramente de seus dotes. Assim, aos poucos, a canção do olhar molhava esse homem fraco. Ele era dela, mas ela não era dele e quando o pobre se afogou na nebulosidade daqueles olhos, tinha a certeza que nunca mais se secaria.

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