quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"Rapagão"

Lembro-me do cuidado que tens ao me ler, ao falar de mim. Queria saber repor de alguma forma tantos elogios, ou ao menos chegar perto deles. Mas a sua paciência de velho não sabe o quão longe estou de seu riso. Cuida desse coração porque ele carrega pedra e açúcar de uma família inteira.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Enquanto você dormia desenhei barcos em suas canelas. Fiz esbeltas velas com lápis escuro, contornei as marcas roxas que vinham de uma corrida cansada e limpei a grama presa entre os dedos dos pés.
Vi o momento em que os barcos atravessaram a pele e imergiram para corrente sanguínea. Eles flutuavam suavemente em sonhos, velando seus temores. Você ainda corria, estava afoita e sôfrega. Corria dormindo, parecia se abrir com vento. E era puro te ver assim, sonolenta e vívida, que deixei você velejando até meio-dia.

sábado, 5 de setembro de 2009

"Mar de leite" - Processo experimental






Sinto falta de mergulhar para dentro das dobras de um eu oculto. Voltar a verificar certas peles e curvas que tecem o rasgão sem limite que carrego. Sujeito, subjetivo e incessante.

"... o corpo está em cena, sem que haja qualquer possibilidade de predizer o futuro e seus limites."
Villaça e Góes