Enquanto você dormia desenhei barcos em suas canelas. Fiz esbeltas velas com lápis escuro, contornei as marcas roxas que vinham de uma corrida cansada e limpei a grama presa entre os dedos dos pés.
Vi o momento em que os barcos atravessaram a pele e imergiram para corrente sanguínea. Eles flutuavam suavemente em sonhos, velando seus temores. Você ainda corria, estava afoita e sôfrega. Corria dormindo, parecia se abrir com vento. E era puro te ver assim, sonolenta e vívida, que deixei você velejando até meio-dia.
Suave, como sempre. Linda, como sempre.
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