terça-feira, 25 de agosto de 2009

Para falar

Sou dessas, como outra qualquer
que carrega no útero o fardo de ser:
mulher.
Levo na face as rugas das colheitas
feitas
por minha mãe, avó.
A marca da lavoura de minhas gerações, do sim e suor
das submissões.
Criada no cheiro de terra, estrume
da cevada.
Pé descalço e machucado
das brincadeiras.
O balanço da corda e pneu
da mangueira.
Das unhas crescidas
que araram
a terra e a pele.
Apesar das tantas mãos
que amarraram
meus lábios,
saibam,
repito ainda mais forte:
não.
Já que sou assim,
filha de meu órgão.

4 comentários:

  1. E viva a força interior que nos ampara enquanto rompemos as amarras... Viva o não!

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  2. Que não mais gostoso de escutar...
    Que texto mais bonito de olhar...
    Amei!
    Bjos

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