pelo menos
por enquanto
até as minhas mãos aguentarem mais a escrita
até a escrita não aguentar mais as minhas mãos
e os meus pés a dança
e a dança os meus pés, e meu corpo movimento
gritar com o mundo e dizer
estou aqui, mesmo que não me veja
esse é o meu cheiro
de carne
e terra.
serei inteira
toda
enquanto, tudo torna-se poeira
sujos escombros do mundo
rasgo as minhas correntes
internas, presa ao fundo
para ser toda
ao menos, por enquanto
quando
escrevo e danço
sou
eu, e elas
todas
porque amo
e amar é revolucionário
porque danço
e escrevo
como estratégia de sobrevivência
mesmo quando me tapam as mãos, a boca,
não prenderão jamais, meus pés, que já estão
quando escrevo
pois voo
sou estrangeira
ao menos por enquanto,
enquanto
sou essa
e tantas
quando escrevo
com todo o meu corpo
rasgo o involucro da lagarta
mordo
nasço
a cada instante, pelas letras que aqui deixo
porque escrever
é resistência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário