quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
eu não sou a mais bonita,
na verdade
a beleza que escondo nos cantos de qualquer memória
me foi concedida por outros olhos
modos
formas e janelas
que mantenho incessantemente abertas
porque no fundo,
me queriam bonita
mas não sei ser
e já não posso
porque sou do interior e criada na merda de vaca
e escrevo
ou por não ser comedida
porque guerreio com minhas pernas
atravessadas
o caminho itinerante que não me permite tal beleza
esmero
realezas
de uma coroa que sento e rebolo
jogo fora
entre todas, as meninas
não serei escolhida
para o altar,
festas chiques
aristocráticas
desculpa, mas não faço o tipo
sou essa
verborrágica
toda errada
e sem rumo certo
a que diz não
e basta;
mas
ainda assim
mesmo apesar de tudo,
de suas bulas, e controles, receitas,
que contra luto
de papeis que mastigo
e engulo
talvez eu apareça, numa fotografia antiga
para um possível futuro
quieta
sentada de lado, com um meio sorriso escancarado
fingindo que compadeço
pertenço
a sua modalidade,
ao vestido,
mas não, jamais
eu não faço
o seu número.
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