sexta-feira, 2 de maio de 2014

"redemoinhos violentos que revolvia de antemão suas fibras"



" redemoinhos violentos que revolvia de antemão suas fibras". reler os escritos de Artaud é como reencontrar uma parte adormecida no corpo. uma voz solta e trêmula perdida nas entrelinhas. um soco roxo que doía, mas que agora só permanece em marca. um olhar dentro das raízes da alma. há algo que é tão nosso, mas que é esquecido. e deixamos lá em algum canto, empoeirado entre o osso e o nervo, que só depois de contorcido volta a gemer. por que esquecemos o gosto? o cheiro? onde metemos tudo? e depois soltamos, de uma vez só. assim, dedo na goela, vômito.

e lembramos-nos.
reencontramos-nos.
...

parece que somos íntimos e estranhos a nós mesmos.  e que é somente por meio da torção da pele do outro, que encontramos a nossa. curioso paradeiro,  uma espécie da catarse às avessas.



Nenhum comentário:

Postar um comentário