terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Espelho inverso

temo ter perdido
minha imagem
que dissolve
grave
no gosto da língua
meu rosto
pouco torto
míngua
bota-me como miragem
do que sou
e mira:
a pele
que se desfaz
toda engolida
crua
por minha garganta
ávida
lívida
engulo-te
meu reflexo
todo
não,
não sou tua cria
estou à margem
sou a outra
contrária
jamais vista.

domingo, 19 de janeiro de 2014

transfiguração

habito as palavras
como quem deposita o corpo
sob outro.
quentes,
em silêncio somos
todo o respingo
o suor
torpor
encontro.
ou sou habitada
de tal forma
pelos versos
poesia
casa
que faço de ti
roupa
coberta
de minha nudez
já toda
rasgada.

agradecimento especial para Camila Duarte, doce poeta, a qual intitulou o poema.