E o que se faz?
Pra onde vão todos os momentos,
onde meto?
Vasculho a memória
Pego pelo dedo
Seguro pela ponta
Percorro o próprio estar
Que é esse agora,
O sendo.
É isso? Sou escrava do instante?
De meus próprios pensamentos?
Onde estão as janelas?
Abram-se,
Faça escapar todo esse sentimento:
Esse bicho de ser e estar sendo,
Que come e é comido
e em estado constante de devoramento.
Deixe correr
O presente fugido.
Pois a lembrança eu pego pelo dedo
E se tudo vai sendo engolido,
Já que as janelas de mim têm fechos
Tudo brota escondido
Em lugares que desconheço.
É como um processo de digestão,
Sem fim ou começo.
Como e sou comida pela doença que padeço:
Do ser em contradição
Que não se fixa ao tempo.
Grande poema, revelador, sem causar quase nenhuma sensação. Você está, às vezes, melhor.
ResponderExcluirVenho me perguntando todos os dias, "onde estão as janelas?"
ResponderExcluirLindo, lindo, lindo.
ResponderExcluirLinguagem mágica.