sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Digestão

E o que se faz?


Pra onde vão todos os momentos,

onde meto?

Vasculho a memória

Pego pelo dedo

Seguro pela ponta

Percorro o próprio estar

Que é esse agora,

O sendo.

É isso? Sou escrava do instante?

De meus próprios pensamentos?

Onde estão as janelas?

Abram-se,

Faça escapar todo esse sentimento:

Esse bicho de ser e estar sendo,

Que come e é comido

e em estado constante de devoramento.

Deixe correr

O presente fugido.

Pois a lembrança eu pego pelo dedo

E se tudo vai sendo engolido,

Já que as janelas de mim têm fechos

Tudo brota escondido

Em lugares que desconheço.

É como um processo de digestão,

Sem fim ou começo.

Como e sou comida pela doença que padeço:

Do ser em contradição

Que não se fixa ao tempo.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Querido Caio



Sou agora como um voo. Sopro de ar, asas de vento. Corto-me em rasantes alturas com quedas vertiginosas. Estou no "limite do branco" como você mesmo diz. AS minhas veias são como leitos que deixam o meu rio interior correr. Sim, esta é a cor do meu "eu" daqui de dentro: vermelho. O meu intro se expande em lateralidades de rouge. É minha respiração que percorre o esqueleto, colorindo os meus ossos com cores que não tem nome. Asas e sopro? Sou elemento fogo, quase dragão. Os "dragões não conhecem o paraíso" porque tenho a plena consciência de que dragões não são bichos domesticáveis.