segunda-feira, 4 de julho de 2011

para qualquer leitor disperso

Depois de tanto tempo sem escrever, vim para confimar a razão de tudo isso. Estou engasgada. Taparam-me e só agora me dei conta. Há muito de mim que está fora, que não se encontra. Transbordo. Estou do outro lado, talvez à margem. O lugar ora é bonito, ora é feio. De vez enquando há música, minto é ruído,é barulho. Mas isso não quer dizer que não seja música, certo? A verdade é que os meus ouvidos precisam ser domesticados, como cavalos. Preciso domesticar-me. Aprender; Preciso estar apta para escutar a música. Calo-me, mas nada é quieto. Os sons são cada vez maiores, barulho surdo, surto. Escuto o sangue que me percorre, o ar que me atravessa.
Trasbordo, estou além. Vejo-me tão longe... Estou lá e cá, entende? Sou capaz de acenar para mim mesma desse outro lado. Dispersei-me em minha imagem, nesse corpo que fui e que sou. Mas como dói dizer: sou. Estou sendo, não há nada pronto. É um ensaio, uma série de rabiscos tortos que jamais se encontram, já que eu não sou um desenho. Estou sendo eu sou o quando, não há nada pronto. Talvez não seja bonito, mas não posso afirmar isso, porque o próprio barulho é música. Escrevo porque engasgaram-me, sei disso porque ainda sinto o cheiro de estranhos em meu pescoço.Mas foi concentido, ou melhor, foi uma dispersão de minha parte.Porque as gotas de todos os instantes caíam diante de meus olhos durante o engasgo, mas a música era boa. Assim como esse lugar ora é feio, ora é bonito. Assim como a todo momento me abraço para dentro dentro de mim. Assim como estou sendo e torno-me quando.
E os meu ouvidos agora são cavalos,
Ámem

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