domingo, 31 de janeiro de 2010

Ode ao ator

Assisto-te sendo esculpido,
seu corpo,
pelos deuses possuído.
Homem do palco
que se contorce,
se insinua.
E me põe em catarse,
nesse estado:
onde sou eu,
sou você
sou sua.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Único Ato

Vem ver amor, corre!
Vem assistir
o nascimento de mim
a que pele que escorre,
para se renovar.
Sou tão crua meu bem
e vou me parindo assim,
antes de me acabar.
Vem? Sei que não aplaudirá
o meu triste espetáculo de nascer
que não tem fim,
pois nunca estreará .

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Aviso

Aqui moço, o recado tá dado:
Meu coração é duro!
Mas, se bater antes de entrar,
tá convidado, eu juro!

domingo, 3 de janeiro de 2010

Para quem acredita em dragões



Li sobre os tais dragões e devo confessar que eles me devoraram subitamente, para dentro de mim, onde meus bichos sentimentais estão guardados com mofo, esperando para serem seduzidos e caçados.
Eu espero querida, confesso. Espero ser desfiada lentamente, músculo por músculo pelos dentes desses animais, os quais sempre serão maiores e mais encantadores do que eu humana. E quando eu estiver morrendo baixinho, sem fazer barulho, sendo sugada pela sua energia de alecrim e hortelã, me sentirei mais pulsante e viverei.
Toma-me a idéia de domesticar um dragão, nessa ilusão de morar com um. Ele vai parecer manso, com escamas previsíveis e anatômicas para acolher meu corpo humano. E assim, penso como Caio Fernando Abreu “que seja doce, que seja doce.” Faço-me leve e pronta para ser uma presa-presente.

PS.: Fico envorgonhada sendo olhada pela capa do livro, pelos os olhos de Caio F.